claudemir pereira

A Câmara e os incríveis erros que levam ao xeque-mate da oposição


Foto: Eduardo Ramos (Diário)

É impressionante a capacidade de cometer erros dos apoiadores e integrantes da atual composição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores. São tantos que conseguiram até facilitar a vida dos seus adversários, que acabarão por conduzir uma vitória fácil do grupo que terá o petista Valdir Oliveira e a pedetista Luci Duartes como os vencedores.

O pleito, marcado para a tarde do dia 28 (e não dia 30, como inicialmente previsto), tem tudo para terminar 12 a 9 para os oposicionistas, com os votos das bancadas do PSDB, PT, Republicanos, DEM, PDT, PC do B e do emedebista Adelar Vargas.

Nessas alturas, a 10 dias do pleito, o que menos conta são as críticas à condução político-administrativa do Parlamento - aparentemente a origem do descontentamento interno e que fomentou, adubou e fermentou as ações para uma mudança. Há situações mais recentes a explicar porque, a menos que ocorra uma hecatombe hoje imperceptível, a derrota do atual status quo está dada.

Aqui vão se citar duas e que, na prática, tiveram efeito contrário.

A primeira delas foi a incrível pressão sofrida pelo emedebista Adelar Vargas, acossado por todos os lados, mas especialmente por seus companheiros de MDB. Com direito, inclusive, a telefonemas de cabeças coroadas estaduais, na tentativa de demovê-lo da ideia de apoiar a oposição.

O tiro saiu pela culatra quando a pedetista Luci Duartes veio a público confirmar o que já se sabia: deixou o grupo que comanda a Câmara e foi para a oposição. O efeito: dar o recado ao MDB que o voto de Vargas era desnecessário para a derrota da "situação". Na pior das hipóteses, seriam 11 contra 10. Logo, o emedebista vai fechar mesmo com a chapa "Construção 2022", dos oposicionistas.

A segunda ação é tão estapafúrdia e inútil do ponto de vista político, que chega a passar a impressão de não ter ocorrido. No entanto, os implacáveis corredores da Câmara registraram a existência de pressão sobre Cargos de Confiança nomeados por Vargas e Luci, ameaçando-os com desligamento. Verdade ou não, a narrativa pegou. E deixou os dois edis pês da vida, consolidando seu voto no grupo opositor.

Por fim, a situação estaria tão definida que até mesmo aspectos burocráticos, como a assinatura de atos de comprometimento oficial, necessária para a apresentação da chapa, foram concluídos ainda na última terça-feira, duas semanas antes do pleito. O que oferece garantia adicional de adesão.

Sim, a luta legítima dos apoiadores da atual Mesa segue, mas que há todo jeito de xeque-mate, ninguém mais tem dúvida, no Palacete da Vale Machado.

A dobradinha do PP e os dribles que terá de dar para se viabilizar

O suplente de vereador e líder comunitário Zaloar Soares da Silva é o pré-candidato do Progressistas (PP) de Santa Maria para concorrer à Camara dos Deputados. Como o único pretendente, foi ungido pelo diretório municipal da sigla, em reunião no meio desta semana.

Ainda que desigual, a existência de três interessados levou à disputa para saber quem o PP apresentará para concorrer à Assembleia Legislativa. Com 26 votos dos presentes, o vereador e atual presidente do Legislativo Municipal, João Ricardo Vargas, teve sua pretensão confirmada. Foram preteridos o representante do movimento PP Afro, Milton Caetano, com um voto, e o líder da juventude progressista Arthur Raskopf, que obteve 5, e que, como o colunista apurou, não ficou exatamente satisfeito.

A vereadora Roberta Leitão, que chegou a ser citada como possível candidata, não se apresentou e, portanto, a menos que a conjuntura mude muito, não é mesmo concorrente - algo que, aliás, ela nunca disse publicamente.

A questão, agora, é fazer valer a posição oficial da agremiação em Santa Maria e garantir que os nomes daqui sejam chancelados pela convenção estadual que definirá as candidaturas.

Mas, mais que isso, será preciso mudar hábitos internos locais. Sim, desde que José Farret deixou de ser deputado, ninguém mais contou com apoio unânime ou sequer próximo disso em Santa Maria.

Ainda: ilustres militantes fizeram campanha para forasteiros, praticamente inviabilizando outrora nomes locais como Paulo Denardin, Sérgio Cechin e Sandra Rebelato (para citar só três) que, mesmo concorrendo, foram "largados na estrada".

Pior ainda é a situação do candidato a deputado federal. Zaloar, se quiser mesmo concorrer e não apenas fazer campanha antecipada para vereador, terá que suplantar obstáculos maiores, pois há pelo menos três forasteiros de alto coturno e que já contam com estrutura em Santa Maria.

Quem é grande, segue grande. E não há indício de mudança

Já estão disponíveis os números de novembro, do Tribunal Superior Eleitoral, dos eleitores filiados em partidos políticos. Em Santa Maria, ainda que tenha havido uma redução no total de alistados, ela é apenas residual. De um ano para outro, coisa de 3%, com um total, hoje, de 26.442 eleitores vinculados a alguma agremiação.

E, atenção: quem é grande continua grande. Tanto que os seis primeiros são exatamente os mesmos de um ano atrás. A saber: PT (6.803 filiados), MDB (3.537), PP (2.908), PDT (2.664), PSDB (2.144) e PTB (1.093 filiados).

Não há qualquer indício a apontar mudança, pelo menos no médio prazo. Somente o PSDB cresceu, nos últimos anos, entre os maiores, justamente por conta de estar no poder, um indiscutível afrodisíaco político.

Ah, a tendência é que o sétimo colocado, que hoje é o DEM (1.533 alistados), venha a ser o PL, sigla escolhida por Jair Bolsonaro e para onde deve ir a grande maioria dos demistas locais, inclusive o único vereador, Manoel Badke. Hoje, o PL conta com 693 filiados.

Já o União Brasil, fruto da união DEM-PSL, tende a ficar para trás por aqui. Os pesselistas, ou boa parte deles, que já não eram quase nada, devem mesmo aderir ao Podemos, hoje minúscula agremiação de 114 filiados - a 15ª da cidade.

LUNETA

CAMPANHA

Ainda que outros líderes também estejam na lida, não há dúvida: as grandes estrelas regionais do PDT são o prefeito de São Sepé João Luiz Vargas (contra o aditivo ao contrato com a Corsan) e o reitor Paulo Burmann. Mais uma vez, semana passada, ambos foram protagonistas em encontro regional do pedetismo, acontecido em Agudo. Pelo menos o segundo, ninguém mais tem dúvida, concorre a deputado em 2022.

MINÚSCULOS

Levantamento do TSE, com números dos filiados a partidos, afora realçar os grandões, também tem o condão de mostrar a presença dos minúsculos. Siglas que, vamos combinar, são apenas cartoriais em Santa Maria, ainda que nacionalmente tenham sua importância. Confira as cinco menores: PRTB, do vice-presidente Hamilton Mourão (13 filiados), Patriota (10), PCB (5), UP (um) e PCO (um).

QUERIDÃO

Fonte da coluna, presente a encontro recente do MDB local, contata: se esfarela a eventual resistência a Roberto Fantinel (deputado estadual em exercício). Mesmo quem o via com alguma reticência, até discurso em defesa dele tem feito, acompanhando a posição, por exemplo, da presidente Magali Marques da Rocha. E, sim, Fantinel terá apoio de (quase) todo o partido em 2022. Virou o queridão, enfim!

QUE FAZER?

Situação que não esperava ao deixar o Republicanos para se filiar ao PSL e se tornar o presidente da sigla é a que enfrenta o ex-candidato a prefeito Jader Maretoli (foto). Além de ter perdido a quase totalidade dos filiados, reduzidos a 32, hoje vê parte deles a caminho do Podemos, junto com o edil Tony Oliveira. Agora, das duas uma: se manda também ou fica e constrói o União Brasil, fruto da fusão com o DEM.

PARA FECHAR!

A considerada, a essa altura, inevitável troca da guarda no comando da Câmara de Vereadores, igualmente faz tremer os corredores do Palacete da Vale Machado, por conta de uma das consequências evidentes: a troca também dos Cargos de Confiança. No caso, e por razões óbvias, os únicos tranquilos devem ser os indicados pelos edis Luci Duartes e Adelar Vargas, que seguirão no grupo dirigente.

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